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11 de maio de 2023

O QUE SIGNIFICA SER UM PENTECOSTAL REFORMADO?

BREVE DEFINIÇÃO SOBRE PENTECOSTALISMO REFORMADO

O resultado da síntese do que é o pentecostalismo reformado, é uma combinação entre os distintivos doutrinários centrais da tradição reformada e os elementos característicos da espiritualidade pentecostal. Por um lado, nós pentecostais reformados aderimos firmemente aos cinco ‘solas’ do protestantismo (sola Scriptura, solus Christus, sola gratia, sola fide, soli Deo gloria) e também às doutrinas da graça (depravação total, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos), o que representa uma ruptura com as nossas raízes arminianas.[14] Nesse particular, cremos que os distintivos doutrinários reformados melhor preservam a centralidade e a suficiência da graça soberana de Deus na proclamação do evangelho, autenticada pela ação sobrenatural do Espírito Santo.

Também compreendemos, junto com a tradição reformada em sua maioria,[15] que o “batismo pelo Espírito Santo” não representa uma segunda iniciação ou segundo estágio da vida cristã, mas sim a imersão inicial do cristão na vida do Espírito quando da sua regeneração mediante a rendição ao evangelho pela fé em Cristo. Apesar desta segunda ruptura com nossas raízes pentecostais, não cremos que o batismo inicial com o Espírito Santo na conversão prescinde ou exclui a possibilidade e a necessidade de múltiplos preenchimentos do Espírito, visando uma vida de crescente santidade e serviço eficaz no Reino de Deus.[16] Nisso fazemos coro com o eminente comentarista D. A. Carson quando ele afirma:

Apesar de não encontrar apoio bíblico para a teologia da segunda bênção, encontro apoio para uma teologia da segunda, terceira, quarta ou quinta bênção. Apesar de não ver nenhum charisma estabelecido biblicamente como critério para um segundo revestimento do Espírito, vejo que existem níveis de unção, bênção, serviço e alegria santa junto a outros dons mais celebrados atualmente, associados àqueles cujos corações foram tocados especialmente pelo soberano Deus. Embora eu ache extremamente perigoso buscar uma segunda bênção que seja atestada pelo falar em línguas, também acho que não anelar profundamente por Deus seja algo tão perigoso quanto isso, tornando-se satisfeito com um cristianismo meramente teórico que seja seguro, mas também complacente; ortodoxo, mas também engessado; sensato, mas também adormecido.[17]

Cremos também na operação contínua de todos os dons espirituais carismáticos desde os tempos apostólicos — diferente dos nossos irmãos reformados cessacionistas —, apesar de não reconhecer um único dom como sendo autenticador da “plenitude” ou “batismo no Espírito Santo”.[18] Novamente, D. A. Carson observa precisamente que:

…o movimento carismático [pentecostal] tem desafiado a igreja a esperar mais de Deus, a esperar que Deus derrame seu Espírito sobre nós por meio de formas que quebrem nossos moldes tradicionais para pôr em xeque uma teologia que, sem garantias exegéticas suficientes, rejeita toda possibilidade do que é miraculoso, com exceção da regeneração.[19]

Nesse particular, portanto, cremos que a ênfase da espiritualidade pentecostal na busca por mais da vida e do poder do Espírito Santo, tanto dos seus frutos como dos seus dons, melhor condiz com o desejo por um testemunho vigoroso e vibrante do evangelho de Jesus Cristo neste mundo — quer na devoção pessoal e familiar, quer na vida congregacional e na evangelização, quer em nosso testemunho público e social como povo de Deus na terra.[20]

Por fim, quer a síntese pentecostal-reformada pareça convincente e coerente ou não aos seus observadores e críticos [21], minimamente ela aponta para um diálogo possível e proveitoso entre essas duas tradições aparentemente antagônicas. Como bem observou o respeitado teólogo reformado I. John Hesselink a respeito da aproximação do movimento carismático-pentecostal e a tradição reformada:

…pode parecer que a tradição reformada e o movimento carismático, com sua abordagem e teologia, são entidades basicamente diferentes, se não antitéticas, pois em toda a tradição protestante, a reformada tem se destacado por sua ênfase na doutrina e na teologia. Por outro lado, o movimento carismático dá grande ênfase à experiência. As igrejas reformadas destacam-se por seus teólogos, não por seus ‘santos’ ou evangelistas. Nós nos orgulhamos de nossas confissões e catecismos, de nossa sólida teologia e pura doutrina. Por outro lado, os grupos carismáticos e pentecostais gabam-se das curas e das experiências de êxtase. Os cristãos reformados tendem a ser cerebrais, frios e analíticos. Os carismáticos promovem o entusiasmo, o “vamos que vamos” e os sentimentos calorosos.

Apesar dessas divergências aparentes, Hesselink conclui:

É provável que os reformados presbiterianos sejam limitados na experiência da realidade, da alegria e plenitude do Espírito. É provável que aos pentecostais esteja faltando uma compreensão bíblica adequada da obra do Espírito. Sendo assim, uns precisam dos outros e podem se complementar entre si. A coexistência e não uma guerra quente — ou mesmo fria — parece-nos ser uma resposta lógica e feliz à nossa situação.[22]

__________________________

Teologia Brasileira. Por John McAlister. Pentecostais reformados. Em: https://teologiabrasileira.com.br/pentecostais-reformados/

[14] McAlister, O pentecostal reformado, p. 93-137.

[15] Para uma exceção notável, veja Martyn Lloyd-Jones, O batismo e os dons do Espírito: poder e renovação segundo as Escrituras (Natal: Carisma, 2018).

[16] McAlister, O pentecostal reformado, p. 197-213.

[17] A manifestação do Espírito: a contemporaneidade dos dons à luz de 1Coríntios 12-14 (São Paulo: Vida Nova, 2013), p. 162.

[18] McAlister, O pentecostal reformado, p. 215-238.

[19] A manifestação do Espírito, p. 183.

[20] McAlister, O pentecostal reformado, p. 239-257.

[21] Apesar da sugestão de muitos que a síntese aqui apresentada seja melhor descrita como “calvinista-carismática”, mantemos a nomenclatura “pentecostal-reformada” por uma questão de clareza e honestidade acerca da nossa trajetória histórica. Diferente de cristãos calvinistas que se abriram para a experiência dos dons carismáticos, nós pentecostais oriundos do pentecostalismo clássico nos abrimos para a teologia reformada. Portanto, apesar das semelhanças em doutrina e prática entre “calvinistas carismáticos” e “pentecostais reformados”, cada termo representa uma trajetória histórica distinta oriunda de pontos de partida distintos.

[22] “O movimento carismático e a tradição reformada” em Grandes temas da tradição reformada, ed. Donald K. McKim (São Paulo: Pendão Real, 1998), p. 337,342.